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Conheça Tosha Schareina: Homem numa missão

Publicado em:: 02/01/2024

Com os pés assentes na terra, trabalhador e com um sonho na gaveta de um dia ganhar o Rali Dakar. Tosha Schareina cresceu com o mito do lendário Paris - Dakar com Marc Coma, Nani Roma e depois Joan Barreda como referência.

O espanhol de 28 anos começou a correr de mota quando era miúdo, seguindo o exemplo do seu tio, que corria em Motocross. Desde então, nunca mais olhou para trás. Depois de obter alguns bons resultados nas corridas de enduro, passou para os ralis, onde impressionou desde a sua estreia: P13, vencedor da categoria de motos de maratona e segundo melhor estreante em 2021, e outro P13 em 2023.

 

A nova cara da Monster Energy Honda Team, Tosha conquistou a vitória na Baja Aragon e no Desafio Ruta 40 e está pronto para mostrar ao mundo todo o seu potencial. Conheça-o um pouco melhor...

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Nascido e criado em Valência, tem as motos no sangue. Começou com motos de terra, mas alguma vez pensou em tornar-se um piloto de MotoGP?
"Dei os meus primeiros passos numa mini moto Lem 50cc. Recebi-a como prenda de aniversário quando tinha 7 anos. O meu tio corria em Motocross e eu segui esse caminho. Sempre fui competitivo e desde o início que sabia que era isto que queria fazer.

"HOUVE UM MOMENTO, QUANDO ERA JOVEM, EM QUE TIVE A OPORTUNIDADE DE MUDAR PARA AS CORRIDAS DE ESTRADA, MAS ACABEI POR ME CINGIR AO TODO-O-TERRENO".

Quem é a tua referência no MotoGP?  
"Vejo o MotoGP desde muito novo. A minha primeira referência foi Sete Gibernau, depois veio Jorge Lorenzo e Marc Maquez na Honda HRC. Estive em Valência na última ronda deste ano e foi uma batalha incrível entre Jorge Martin e Pecco Bagnaia. O Pecco fez uma corrida fantástica, mas o Jorge é espanhol e é claro que sempre apoiei os meus compatriotas".

 

O que é que o rali Dakar tem de tão especial?
"É um mito. Um sonho que tenho desde criança. Sabe-se que se vai passar por condições extremas, frio, calor, sucessos e fracassos, mas quando se cruza a meta, tudo é recompensado".  

 

A Espanha tem uma grande história no Dakar, com Marc Coma e Joan Barreda nas motos, Carlos Sainz Snr ou Nani Roma nos carros. 
"Seria uma mistura de todas elas: A força mental e as capacidades de navegação de Marc Coma e a velocidade de Barreda. Do Carlos Sainz e do Nani (Roma), tiraria a sua enorme experiência. Tento aprender com todos, também com Gerard Farres, Juan Pedrero, Esidre Esteve e, claro, com os meus colegas de equipa na Monster Energy Honda Team. Aprendo muito com eles".

 

Há muitas expectativas para a tua estreia no Dakar com as cores da Monster Energy Honda. Que resposta dás àqueles que te consideram a verdadeira revelação desta parte final da época de 2023?
"Estamos a fazer uma grande temporada e posso contar com uma equipa incrível, mas é importante mantermo-nos realistas e dar um passo de cada vez. O Dakar é uma corrida longa que exige respeito. De acordo com o briefing de David Castera, esta será a edição mais difícil desde que corremos na Arábia Saudita, por isso mantenho-me calmo".  

 

Sente pressão ou é uma motivação extra para ocupar o lugar que foi de Joan Barred durante muitos anos?
"O Joan sempre foi o meu ídolo, por isso pilotar uma Honda com as cores da Monster Energy é uma honra e, com certeza, uma motivação extra".  

 

Um homem com uma missão, qual é o seu objetivo para este Dakar 2024?
"O objetivo final é lutar pela vitória, mas sei que ainda estou num processo de aprendizagem. Sou o mais jovem da equipa e estou a aprender muito com os meus colegas de equipa. O que me deixa confiante e grato é que estamos a dar todos os passos para chegar um dia a ganhar o Dakar"

 

Como é que se sente com a mota Honda? 
"A máquina é espetacular. Recebi o telefonema do Ruben Faria apenas uma semana antes do Rali de Sonora, no México, e só pude testar a mota 3 a 4 dias antes da corrida. O México foi muito especial porque foi a minha primeira corrida com as cores da Monster Energy Honda e consegui o meu primeiro pódio no Campeonato do Mundo de Ralis. Ganhei a Baja Aragon e o Desafio Ruta 40 na Argentina e, finalmente, o P5 em Marrocos, depois de ter ganho algumas etapas. Desde o primeiro dia que fiquei impressionado com a mota, adapta-se muito bem a mim".  

 

Olhando para o percurso de 2024. Vê alguma etapa crucial para fazer a diferença?
"A primeira semana e, especialmente, as duas etapas da maratona "48H chrono", serão cruciais. Passá-las sem grandes problemas será essencial, para que se possa começar a puxar mais na segunda semana".

 

O que é mais necessário numa corrida louca como o Dakar: instinto ou racionalidade? 
"Eu diria que ambos, e na mesma quantidade. É preciso ser estratégico, saber quando forçar e quando ser mais conservador, mas também seguir o instinto para ler o terreno e compreender as notas do road book. Acrescento ainda o trabalho árduo. Considero-me talentoso, mas não estaria aqui sem tanto empenho, dedicação e muito esforço".

 

Qual é o teu principal ponto forte?
"Este ano posso contar com uma equipa que trata de tudo, por isso, quando subo para a minha moto Honda, não tenho de me preocupar, mas apenas concentrar-me em pilotar. Isto é um privilégio. Sinto-me muito à vontade para andar sozinho a abrir a pista".

 

Há um ditado que diz que ninguém volta igual de um Dakar. Há alguma lição que tenhas aprendido?
"Os raids podem levar-nos a sítios pobres. Fiquei impressionado com aqueles miúdos que, apesar de não terem nada, nos dão alguma coisa. No meio do deserto, uma garrafa de água significa muito, e eu recebi-a de um desses miúdos.  

 

"Como piloto, o rali Dakar ensina-nos a manter a calma e a ser proactivos para encontrar uma solução quando o inesperado acontece. De facto, quando pensamos que temos tudo sob controlo, algo acontece. Podes estar super preparado, mas aberto para enfrentar novos desafios da melhor forma possível."

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